(Pe. Augusto Farias, Administrador da Boa Nova) – No dia 25 de abril, a Sociedade Missionária da Boa Nova (SMBN) retomou a tradição de reunir os familiares de todos os membros vivos num dos nossos seminários, interrompida com a pandemia do COVID 19. No âmbito da celebração do centenário da SMBN, a Comissão Organizadora sugeriu, este ano, alargar este encontro anual a todos os familiares dos nossos membros já falecidos. E vieram de muitos pontos do país. Juntámo-nos cerca 200 pessoas no Seminário de Cucujães.

O programa foi simples. Às 10h, visita à exposição dos painéis expostos nas colunas do claustro beneditino. Cada foto, observada por cada familiar, e por todos nós, era a evocação duma vida doada ao serviço do Evangelho. Nessa grande galeria de 124 falecidos, escondiam-se mártires, confessores da fé e todos, discípulos missionários. Foi uma visita por vezes silenciosa, outras vezes, com muito ruído, comentando circunstâncias e momentos que marcaram as vidas de muitos dos presentes.
Seguiu-se a sessão comemorativa no auditório do seminário, orientada pelo Pe. Albino dos Anjos, que deu as boas-vindas e contextualizou este encontro no âmbito das celebrações do centenário. O Pe. Luís Vieira abriu a sessão com algumas canções do seu reportório seguindo-se um pequeno vídeo, no qual figuravam todos missionários falecidos.
O Pe. Jerónimo Nunes apresentou duas pequenas biografias da Editorial Missões: D. João Evangelista Vidal, primeiro Superior Geral da SMBN, e o Pe. João Craveiro Viegas, um dos primeiros membros a fazer o Juramento Missionário na SMBN (1932) e a ser enviado na primeira expedição missionária para Moçambique (1937). Foi também o primeiro membro da SMBN a ser Superior Geral, iniciador de missionários e um modelo em quem todos nos podemos rever. O seu sobrinho, Sr. António Viegas, tomou a palavra para destacar o humanismo e a alegria do seu tio, que a todos contagiava.

Finalmente, a Ir. Magda Joaquim, Superiora Geral das Filhas do Imaculado Coração de Maria (“Irmãs Diocesanas de Pemba”), fundadas por D. José dos Santos Garcia, da SMBN e primeiro bispo de Porto Amélia (Pemba). Sentem-se filhas dos Missionários da Boa Nova a quem carinhosamente chamam “titios”, porque vivem a espiritualidade mariana e eucarística que lhes foi transmitida pelo seu fundador e pelos missionários que as acompanharam.
Ao meio-dia foi a solene eucaristia pascal a que se associaram alguns dos nossos colaboradores missionários. Presidiu o reitor do Seminário que sublinhou o rasto de vida e de luz deixado pelos nossos companheiros nos diversos lugares onde passaram. Evocou também a obra realizada connosco pelas Missionárias da Boa Nova e fez referência à falange de amigos que, ao longo de quase cem anos, estiveram connosco com a sua oração e ajuda material, tornando possível todo o trabalho realizado nas frentes da Missão. Todos: padres, irmãos, irmãs e leigos são nossos antepassados e se tornaram mediadores entre Deus e nós, que hoje continuamos a mesma Missão que lhes foi confiada. Esta celebração foi uma vibrante manifestação de fé e de gratidão aos nossos antepassados que hoje intercedem por nós.
O almoço foi um momento de convívio e de encontro entre amigos que, não se conhecendo, se tornaram família, e contraíram laços de amizade e de mútuo envolvimento na causa deixada pelos seus antepassados.
O encontro encerrou às 15h no cemitério de Cucujães junto ao memorial onde estão os nomes de todos os missionários aqui sepultados e dos que tombaram nos postos de Missão. Foi uma celebração simples mas emotiva, onde se espelhava em todos os rostos a fé e a gratidão pelas vidas doadas dos seus familiares cujos laços de comunhão e de afeto se tornaram mais vivos.
Este encontro veio cimentar os laços de comunhão e fazer-nos sentir que continuam vivos na memória de todos nós. Neles, a Família Boa Nova tornou-se mais alargada na relação entre nós, e mais ampliada na comunhão com todos os que nos antecederam na fé e que, desde a “outra margem”, estão presentes nas nossas vidas.


