Papa Francisco, Excertos das homilias da Vigília Pascal e do Domingo de Páscoa

Irmãos e irmãs, especialmente durante o ano jubilar: deixemos brotar a esperança da Páscoa nas nossas vidas e no mundo!
Quando ainda sentimos o peso da morte dentro do nosso coração, quando vemos as sombras do mal que continuam a sua marcha ruidosa no mundo, quando sentimos arder as feridas do egoísmo ou da violência na nossa carne e na nossa sociedade, não desanimemos, voltemos ao anúncio desta noite: ainda que estejamos nas trevas, a luz brilha lentamente; aguarda-nos a esperança de uma vida nova e de um mundo finalmente libertado; um novo começo pode surpreender-nos, mesmo que às vezes pareça impossível, porque Cristo venceu a morte.
Este anúncio, que dilata o coração, enche-nos de esperança. Na verdade, em Jesus ressuscitado temos a certeza de que a nossa história pessoal e o caminho da humanidade, embora mergulhados numa noite em que as luzes ainda aparecem fracas, estão nas mãos de Deus; e Ele, no seu grande amor, não nos deixará vacilar e não permitirá que o mal tenha a última palavra.
Reproduzir a Páscoa na nossa vida e tornarmo-nos mensageiros de esperança, construtores de esperança, enquanto tantos ventos de morte ainda sopram sobre nós. Podemos fazê-lo com as nossas palavras, os nossos pequenos gestos quotidianos, as nossas escolhas inspiradas no Evangelho. Toda a nossa vida pode ser uma presença de esperança. A todos e a cada um levemos a esperança da Páscoa!
O Jubileu convida-nos a renovar em nós mesmos o dom desta esperança, a mergulhar nela os nossos sofrimentos e as nossas inquietações, a contagiar aqueles que encontramos no caminho, a confiar a esta esperança o futuro da nossa vida e o destino da humanidade. Por isso, não podemos estacionar o nosso coração nas ilusões deste mundo, nem fechá-lo na tristeza; temos de correr, cheios de alegria. Corramos ao encontro de Jesus, redescubramos a graça inestimável de ser seus amigos. Deixemos que a sua Palavra de vida e verdade ilumine o nosso caminho. Como dizia o grande teólogo Henri de Lubac, «bastar-nos-á compreender isto: o cristianismo é Cristo. Verdadeiramente, não há nada mais do que isso. Em Cristo temos tudo».
Na maravilha da fé pascal, trazendo no coração todas as expectativas de paz e libertação, podemos dizer: Convosco, Senhor, tudo é novo. Convosco, tudo recomeça.


