Debate sobre Dia Mundial das Comunicações Sociais abordou impacto da morte de Francisco e eleição de Leão XIV, sublinhando relevância da voz global da Igreja Católica.

A diretora do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais (SNCS) apelou hoje a uma comunicação “marcada pela esperança e pela concórdia”, que evite a promoção de preconceitos e da violência.
“Temos de desarmar a comunicação, de desarmar as palavras. quem trabalha com palavras, sejam ditas, sejam escritas, sejam ouvidas, sabe a força das palavras, a força que a palavra tem. A palavra pode ser efetivamente uma arma que se arremessa ou algo que tem como objetivo construir a paz e as relações entre as pessoas”, referiu a responsável da Igreja Católica, num encontro com profissionais do setor.
A iniciativa, na sede da Conferência Episcopal Portuguesa, visou apresentar o próximo Dia Mundial das Comunicações Sociais, que se celebra no domingo.
O programa incluiu intervenção de vários jornalistas que acompanharam, no Vaticano, a da morte de Francisco e a eleição de Leão XIV, ao longo de várias semanas.
João Francisco Gomes, do ‘Observador’, considerou que estes momentos recordaram aos jornalistas o “lugar e a voz da Igreja Católica no mundo” e podem ajudar a própria Igreja a “compreender-se a si própria como uma voz de relevo na sociedade global”.
Pedro Filipe Silva, TVI/CNN Portugal, sublinhou a necessidade de uma maior presença da Igreja na comunicação social.
“Ainda há um caminho muito importante a fazer. Talvez não ter só uma posição de hierarquias na comunicação social, mas trazer também outras pessoas que estão no terreno e que possam também explicar o que é a Igreja”, recomendou.
O jornalista citou o discurso de Leão XIV aos profissionais da comunicação, a 12 de maio, na primeira audiência do pontificado, para pedir uma “comunicação capaz de ouvir e acolher a voz dos fracos que não têm voz”.
Aura Miguel, vaticanista da Renascença, realçou que os momentos que se seguem à morte de um Papa são “topo de comunicação”, um momento único na história de que “todos querem ser testemunhas”.
Para a especialista, o verdadeiro desafio está no “dia-a-dia da informação”, convidando a rejeita a tentação de “fazer como todos estão a fazer”.
Aura Miguel deu como exemplo o “fenómeno da santidade”, que “não ocupa as primeiras páginas, mas que torna a Igreja tão atrativa”.
Rita Carvalho, do portal dos jesuítas em Portugal, ‘Ponto SJ’, disse aos participantes que é preciso saber “ocupar o espaço mediático”, não só nos meios tradicionais, mas também na comunicação digital e nas redes sociais.
Paulo Rocha, diretor da Agência ECCLESIA, saudou as “provocações” que os comunicadores fazem à Igreja, enquanto instituição, que promovem a busca de novas respostas.
“Podemos não ter uma estratégia a nível nacional definida, mas como acontece sempre com a Igreja Católica, as estratégias, os eventos, os acontecimentos são mais locais, são mais em rede”, precisou.
Pedro Conceição, diretor-adjunto do Departamento de Comunicação da Arquidiocese de Évora, falou de uma presença da Igreja “mais valorizada” do que há algumas décadas, falando da própria experiência, no Instituto de Teologia de Évora, dando “algumas aulas aos padres que ainda estão no sexto ano”, a quem pediu que “não tenham medo dos jornalistas”.
Rosário Salgueiro, jornalista da RTP, interveio para pedir que o jornalismo “seja discutido dentro e fora de portas” e seja “mais responsável”, colocando-se ao serviço da paz e contra os “discursos de ódio”.
O Vaticano divulgou a 24 de janeiro, data em que a Igreja Católica celebrou a festa de São Francisco de Sales, padroeiro dos jornalistas, a mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial da Comunicações Sociais 2025, com o tema ‘Partilhai com mansidão a esperança que está nos vossos corações’.
O texto desafia os jornalistas a um “compromisso corajoso” perante a desinformação e convida-os a serem “comunicadores da esperança” e a “desarmar a comunicação”.
O Dia Mundial das Comunicações Sociais é a única celebração do género estabelecida pelo Concílio Vaticano II, no decreto ‘Inter Mirifica’, em 1963; assinala-se, em cada ano, no domingo antes do Pentecostes (1 de junho em 2025).
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