(Eva Dias) – A Festa e a Peregrinação Missionárias são duas das mais conhecidas expressões de encontro dos Missionários da Boa Nova com os familiares, amigos, colaboradores, benfeitores e Auxiliares das Missões, organizadas pelo Departamento de Animação Missionária. Embora há décadas conhecidas como os dois encontros anuais da Família Boa Nova, a sua génese não foi simultânea.

É necessário recuar ao ano de 1949 para encontrar a primeira edição da Festa Missionária. Na crónica dos seminários da então Sociedade Portuguesa das Missões Católicas Ultramarinas, terminadas as férias de verão, o mês de setembro era tempo de regressar, antes do arranque de novo ano letivo. No Seminário de Cucujães, setembro de 1949 foi tempo de “preparativos para a grande festa do dia 25, festa de filial homenagem ao nosso Rev.mo Padre Superior Geral e Primeira Reunião Familiar de Propagandistas e Zeladores”. No período da manhã, D. João Evangelista de Lima Vidal conferira ordens menores a seis alunos, enquanto o período da tarde estava reservado para a “reunião dos zeladores e propagandistas das terras vizinhas (…) uma tarde cheia, embora chuvosa e sem energia eléctrica, o que não pouco transtornou o efeito da festa”. Não obstante, foi uma tarde animada por “drama missionário, grupo de pauliteiros, cânticos e a passagem dos filmes de Nossa Senhora de Fátima”. Pelas palavras de um participante entusiasta, Rufino J. Oliveira, veio a sugestão de se repetir o encontro: “Esta reunião, nós esperamos que se realize nos anos futuros, e com mais brilho e mais fé, marcando assim mais um grande passo para a propaganda missionária. Todos os que tivemos a honra de assistir a esta reunião e exposição missionária, não deixaremos de dizer que foi uma tarde em cheio. Sendo assim, porque não repeti-la todos os anos. É este o nosso maior desejo” (O Missionário Católico, Ano XXVI, n.º 314, nov. 1949, pp.232-233). Assim aconteceu. No dia 24 de setembro do ano seguinte, “foi a II «Festa Familiar» ou dos Zeladores e Propagandistas”. Se no ano anterior registou-se um autocarro de Aradas (Aveiro), em 1950 vieram autocarros de Aradas, Murtosa, Esmoriz e Guilhabreu, bastantes carros e pessoas a pé (Ano XXVII, n.º 326, nov. 1950, pp.230-231, 236). Desde então, a Festa Missionária passou a ser um marco no calendário anual de atividades da Sociedade Missionária.

A Peregrinação Missionária ao Santuário de Fátima foi outra forma de congregar a Família Missionária. A primeira peregrinação ocorreu nos dias 9 e 10 de junho de 1965, foi presidida pelo núncio apostólico, Monsenhor Maximiliano Fuerstenberg, assistida pelo arcebispo de Cízico, pelo bispo de Porto Amélia e pelo P. Manuel Fernandes, Superior Geral, nela participando cerca de 5.000 peregrinos. “Entre os actos da Peregrinação ocupou lugar primordial o Pontifical das Ordenações, celebrado na Basílica, e a consagração da S.M.P. ao Coração Imaculado de Maria, actos esses realizados na manhã e tarde de 10”. Além do presbiterado, conferido a 10 jovens missionários, o presidente da celebração conferiu o diaconado a 4 alunos de Teologia e ordens menores a 17 alunos. Para a ocasião, a Sociedade Missionária recebeu a Bênção Apostólica do Papa Paulo VI, remetida por telegrama pelo secretário, datado do início do mês de junho (Ano XLI, série III, n.º 65, jul. 1965, pp.20-23).
A Peregrinação Missionária voltaria a repetir-se em 1967, ano de especial memória, marcado pela visita do Papa Paulo VI a Portugal, pelo Cinquentenário das Aparições de Fátima. A Sociedade Missionária estaria na Cova da Iria nos dias 30 de setembro e 1 de outubro. Divergindo nos meses e dias, à semelhança da Festa Missionária, a Peregrinação Missionária assumiu-se como outra forma de congregar anualmente todos aqueles que comungam do carisma e valores da Sociedade Missionária.


