[MEMORIAL]: O Ano Santo nas páginas de O Missionário Católico

Perspetivas para o Ano Santo de 1950. O Missionário Católico, jan. 1950.

(Eva Dias) – Ao longo dos 100 anos de existência, O Missionário Católico, atual Boa Nova – Atualidade Missionária, ultrapassando a abordagem exclusiva da temática missionária, foi acompanhando os temas e principais acontecimentos da Igreja Católica. Os jubileus tiveram eco nas páginas da publicação, levando aos dedicados leitores as principais notícias sobre as várias celebrações.

Através da bula Infinita Dei Misericordia, emitida em 29 de maio de 1924, o Papa Pio XI proclamou o Ano Santo de 1925, com início na véspera do dia de Natal de 1924. Este jubileu teve significativa repercussão nas páginas de O Missionário Católico, uma vez que constituiu um forte impulso para o relançamento das missões em todo o mundo. Foi à Exposição Missionária Universal, realizada no Vaticano, que o boletim deu particular destaque, tendo D. Teotónio Vieira de Castro, superior dos colégios de Tomar e Cucujães, por promotor e mediador da participação das missões portuguesas na exposição, através do envio de peças, documentos e publicações para figurarem no certame. Uma das publicações era o próprio Missionário Católico, descoberto pelo P. Jaime Afonso Boavida: «fui encontrar na cidade eterna, naquele estendal de maravilhas que é a Exposição Missionaria, o nosso Boletim. Nas secções das nossas colonias dizia muito bem (…)» (MC, ano I, n.º 11, jun. 1925, p.11). A crónica circunstanciada da peregrinação do secretário da redação do boletim prosseguiu e concedeu uma perspetiva do Ano Santo de 1925 vivida na primeira pessoa (n.º 12-14, 16).

A tradução da bula Quod Nuper, de 6 de janeiro de 1933, proclamando o jubileu extraordinário comemorativo do 19.º centenário da morte e ressurreição de Cristo, trouxe aos leitores os conteúdos fundamentais do Ano Santo da Redenção, que decorreria entre 2 de abril de 1933 e a mesma data do ano seguinte (ano X, n.º 104, mar. 1933, pp.36-39). O momento mais significativo noticiado foi a inauguração do cruzeiro comemorativo deste jubileu extraordinário, colocado numa das extremidades do grande recreio do Seminário de Cucujães, benzido na tarde do dia de Páscoa (ano XI, n.º 118, mai. 1934, p.85). 

Volvidos 25 anos desde o último jubileu ordinário, o Papa Pio XII proclamou o Ano Santo de 1950 pela bula Jubilaeum Maximum. A página de rosto de O Missionário Católico de janeiro desse ano continha as intenções do Santo Padre para ano jubilar, destacando, entre as celebrações, o Congresso Missionário Internacional, a realizar no mês de setembro, subdividido em oito congressos e reuniões, onde esperavam «tomar parte representantes de todas as Corporações Missionárias de Portugal» (ano XXVII, n.º 316, jan. 1950, p.3). Era uma assembleia que tinha por objetivo primordial «chamar a máxima atenção de todos os homens para o dever de ajudar as Missões […] e ao mesmo tempo levar todos os ramos da sociedade a um conhecimento mais largo e a um amor vivíssimo de todas aquelas questões que dizem respeito à evangelização» (n.º 318, mar. 1950, p.64). Em novembro era publicada a reportagem da participação dos portuguesa no Congresso Internacional da União Missionária do Clero, em Roma, onde tomaram parte o P. João Craveiro Viegas, Superior Geral da Sociedade Missionária, e outros missionários do Seminário de Cucujães (n.º326, nov. 1950, pp.222-225).

A peregrinação a Roma de cidadãos de países de missão foi outro dos destaques do jubileu de 1950 (n.º325, out. 1950, p.216; n.º326, nov. 1950, pp.228-229), assim como a primeira Exposição de Arte Sacra dos Países de Missão, inaugurada em 9 de julho desse ano (n.º 320, mai. 1950, p.99; n.º 323-324, ago-set 1950, pp.175-176).