(Eva Dias) – No dia 15 de agosto de 1924 era editado o primeiro número do órgão de comunicação escrita das Missões Religiosas dos Padres Seculares Portugueses. Pese embora numa reunião de antigos missionários, realizada em Tomar, houvesse sido apontado o mês de outubro para apresentação oficial do boletim, a antecipação da data deveu-se a dois motivos fundamentais: por um lado, a festa litúrgica da Assunção da Virgem Maria, sob cuja proteção foi colocada a publicação; por outro, a comemoração das bodas de prata episcopais de D. Teotónio Vieira de Castro, bispo de Meliapor, Procurador-Geral das Missões Religiosas dos Padres Seculares Portugueses e Superior dos Colégios das Missões de Tomar e Cucujães.
Fora ele quem, por ofício datado de 14 de agosto de 1923, definira o objetivo primordial da publicação: «se inicie e se mantenha entre nós uma publicação periodica especial que […] divulgue noticias e conhecimentos missionarios e coloniaes, e auxilie o publico – clero e povo – a compreender a obrigação moral de se interessar mais pelas Missões e pelo progresso da propagação da Fé em geral» (p.9). Pretendia-se dar visibilidade aos agentes de primeira linha, concretamente o «missionário católico, português, em terras portuguesas de além-mar», numa «época de perseguições religiosas e de sectarismos antipatrioticos» (p.6).
Formalmente, este primeiro número define-se por caderno com trinta e seis páginas, de dimensões ligeiramente superiores ao A5, envolvido em capa e contracapa de papel de tonalidade azul, onde sobressai o desenho à pena da autoria de Jorge da Cruz Jorge, de gosto revivalista neogótico. Na capa, uma janela que evoca o estilo manuelino abre para o orbe terrestre com cruz da Ordem de Cristo aposta. A platibanda assume-se como cabeçalho, onde se plasmam o título e subtítulo da publicação, em carateres que recordam vagamente a grafia gótica; no parapeito, dispõe-se o complemento do subtítulo e identificação do proprietário. Os colunelos de enquadramento do vão exibem, sobre filacteras em helicoidal descendente, a localização geográfica das diversas missões dos Padres Seculares Portugueses, dispersas pelos continentes africano e asiático. Para a contracapa ficou reservado o logótipo que viria a ser adotado para a Sociedade Missionária: a cruz da Ordem de Cristo ladeada por par de asas na base, aposta a esfera armilar, elementos gráficos emoldurados por calabre, delimitando a moldura circular onde se inscrevem a identificação do editor e o dístico «Docete Omnes Gentes”.
Na folha de rosto, o cabeçalho e informação institucional surgem enquadrados em moldura de linhas e motivos estilo Art Nouveau, reforçado pelos carateres, ao gosto das publicações da segunda e terceira décadas de Novecentos. Ao título e subtítulo, completo nesta página, sucedem-se as referências à redação (Colégio das Missões de Tomar) e administração (Colégio das Missões de Cucujães), aos diretor (Dr. P. António Sampaio Pinho), secretário da redação (P. Jaime Afonso Boavida), editor-administrador (P. António Pedro Ramalhosa) e proprietário (O Colégio das Missões Ultramarinas). A caixa de texto mais extensa destinava-se ao sumário, onde se desfia o elenco dos títulos dos artigos conteúdos na publicação. A área inferior da página ficava reservada para identificação do local de composição e impressão (Escola Tipográfica das Missões do Colégio das Missões do Couto de Cucujães), rematando com o ano de edição, em numeração romana, a data cronológica e o número da edição. (Continua)
Publicado na edição impressa de janeiro de 2024.
