(Padre Rui Ferreira, diretor da Revista Boa Nova) – No mundo atual, por mais muros que se possam erguer, as fronteiras são cada vez mais voláteis. Além disso, o Evangelho viaja sem passaporte. O Relatório de Síntese “Uma Igreja Sinodal em Missão” alerta que o «ambiente digital é uma dimensão crucial do testemunho da Igreja na cultura contemporânea» essencial para uma Igreja sinodal (nº 17).
Movidos pelo Espírito, «os missionários sempre partiram com Cristo rumo a novas fronteiras». Hoje, o desafio é chegar a «todos os espaços onde as pessoas procuram sentido e amor, também nos seus telemóveis e tablets».
Evangelizar estas novas fronteiras exige conhecê-las, para as compreender e amar. São os jovens, “nativos digitais”, que, porventura, estão melhor preparados para abraçar este novo desafio missionário. Pede-se partilha intergeracional e humildade para aprender. Também aqui se aplica o seguinte repto: «Abre-te, diz Jesus a cada crente e à sua Igreja: abre-te porque a mensagem do Evangelho precisa de ti para ser testemunhado e anunciado!» (Papa Francisco). Em 1924, os nossos fundadores rumaram às novas fronteiras do seu tempo. E nós? Estamos abertos às fronteiras sempre novas da missão?
Todo o fechamento é contrário à Boa Nova de Jesus. O processo sinodal pode ser como que um farol, mostrando que é possível colocarmo-nos juntos à escuta do Espírito e uns dos outros, mais além das nossas diferenças, pois a unidade é superior ao conflito. Falando à COP 28, Francisco disse que: «agora mais do que nunca, o futuro de todos depende do presente que escolhermos». Somos sempre chamados a escolher a vida!
Num mundo dilacerado por tantas divisões, a «via de saída» – diz o Papa – é a do caminhar juntos [sínodo]: o multilateralismo. É necessário, pela abertura ao outro, reconstruir a confiança e a esperança. Quer no cuidado da criação como na paz, questões urgentes e interligadas, só podemos avançar juntos como irmãos e irmãs em Humanidade.
Pórtico publicado na edição impressa de fevereiro de 2024.
