PÓRTICO | Guardiões dos Dons de Deus

(Pe. Rui Ferreira, diretor da Revista Boa Nova) – Caríssimo(a) leitor(a), sabia que o Papa Francisco lhe escreveu uma carta? É verdade! Escreveu uma carta para mim, para si e para cada um dos habitantes da nossa casa comum: a Terra. Laudato Si’ (LS) é o nome da carta que o Papa nos escreveu, em 24 de maio de 2015. No filme A Carta: Uma Mensagem para a nossa Terra, Francisco convoca quatro vozes – a dos pobres, a das pessoas indígenas, a dos jovens e também a da natureza, da vida selvagem – para criarem uma sinfonia em defesa da criação (acessível em: https://theletterfilm.org/pt-br/).

«À vista da deterioração global do ambiente, quero dirigir-me a cada pessoa que habita neste planeta. Nesta encíclica, pretendo especialmente entrar em diálogo com todos acerca da nossa casa comum» (LS 3). De facto, é cada vez mais visível que tudo e todos estamos interligados nesta casa comum. A situação complexa e precária que enfrentamos exige de todos nós uma profunda conversão, criatividade e união. Infelizmente, nos últimos anos, temos assistido a um retrocesso civilizacional, gerando guerras e ódio. Porém, a Terra não espera por nós!

No início do seu ministério petrino (19 de março de 2013), a partir da missão de São José, Francisco sintetizou a sua missão e a de cada cristão: ser custos, isto é, guardião. A vocação de guardião não é apenas dos cristãos, «é simplesmente humana e diz respeito a todos: é a de guardar a criação inteira, a beleza da criação (…)  ter respeito por toda a criatura de Deus e pelo ambiente onde vivemos». Ser guardiões dos dons de Deus, especialmente dos mais frágeis e pequeninos, os mais preciosos, com bondade e ternura. 

«Guardar a criação, cada homem e cada mulher, com um olhar de ternura e amor, é abrir o horizonte da esperança, é abrir um rasgo de luz no meio de tantas nuvens, é levar o calor da esperança! Guardemos com amor aquilo que Deus nos deu!». O convite de Francisco (19 de março de 2013) e a carta que nos escreveu (24 de maio de 2015) permanecem plenamente atuais. A resposta é urgente e depende de cada um e de todos, em comunhão.