PÓRTICO | Missionários de esperança até ao fim

(Pe. Rui Ferreira, diretor da Revista Boa Nova) – O lema da Mensagem para o 99.º Dia Mundial das Missões – “Missionários de esperança entre os povos” – e a expressão do Pe. Aníbal João – “Somos missionários até fim” – inspiram este Pórtico. Com este lema, o Papa Francisco recorda a cada um dos cristãos e a toda a Igreja que, nas pegadas de Cristo, nossa Esperança, a nossa vocação fundamental é ser mensageiros e construtores da esperança. No seu centenário, o Pe. Aníbal afirma que deseja levar esta vocação/missão até ao fim.

Num mundo carregado de sombras tenebrosas, os 100 anos de vida em missão do Pe. Aníbal, em Moçambique e no Brasil, são como um feixe de luz que alimenta a esperança de que outro mundo é possível. Sim! Podemos escolher viver para Deus e para os irmãos e perseverar no «sim» até ao fim. “É um vigoroso apelo para todos nós. Também tu precisas de conceber a totalidade da tua vida como uma missão” (Francisco, Gaudete et exsultate n.º 23). 

1. Nas pegadas de Cristo, nossa esperança. No místico «hoje», da Sua presença histórica, mesmo nos momentos mais críticos, como a agonia e a Cruz, que poderiam levar ao desespero, Jesus obedeceu, confiou e entregou-se ao Pai, tornando-se, assim, “o divino Missionário da esperança, modelo supremo de todos aqueles que, ao longo dos séculos, dão seguimento à missão recebida de Deus, mesmo no meio de provações extremas”. Nos seus discípulos, Ele continua o seu ministério de esperança em favor da humanidade até ao fim dos tempos. 

2. Os cristãos, portadores e construtores de esperança entre os povos. Em Cristo, somos portadores duma esperança que “ultrapassa as realidades passageiras do mundo e abre-se às divinas, que já podemos saborear no tempo presente”. Tão grande esperança, dada pelo Senhor Jesus, impele a partir “rumo a outras nações para dar a conhecer o amor de Deus em Cristo”. Nas regiões mais “desenvolvidas” e tecnologicamente mais avançadas, onde há graves sintomas de crise do humano e a proximidade está a extinguir-se, as comunidades cristãs podem ser sinais de esperança ao aproximarem-se com ternura de todos aqueles que estão desorientados, abandonados ou sós.

3. Renovar a missão da esperança é urgente e “os discípulos de Cristo são os primeiros convocados a formar-se para serem «artesãos» de esperança e restauradores de uma humanidade, frequentemente, distraída e infeliz”. Para tal, Francisco exorta-nos a renovar em nós a espiritualidade pascal, pois somos “gente de primavera”. A Páscoa do Senhor é a eterna primavera da história, “porque em Cristo acreditamos e sabemos que a morte e o ódio não são as últimas palavras acerca da existência humana”. 

A derradeira Mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Missões, neste Ano Jubilar 2025, convida-nos a seguir as pegadas de Cristo, encarnando na nossa própria vida a grande esperança que Ele nos deu, e da qual somos portadores para o mundo. É, para tal, urgente renovar a missão da esperança, confiantes de que, com Ele, e com a ajuda de Maria, Sua e nossa Mãe, o melhor vinho ainda está por servir.