PÓRTICO | Semear a Esperança que Não Ilude

(Pe. Rui Ferreira, diretor da Revista Boa Nova)

Crescem nas asperezas do caminho
Pequenas flores brancas d’esperança; 
Não podem os espinhos afogá-las, 
Pois foi o amor quem as chamou à vida.

(Liturgia das Horas)

Em pleno Ano Santo Jubilar, os espinhos no caminho são muitos e variados. Com tantas injustiças, guerras, ódios e divisões, o agravamento diário da crise ecológica, o desânimo é uma tentação. Porém, nenhum espinho pode afogar estas flores d’esperança, por mais pequenas e frágeis que sejam, pois, foi o amor – mais forte do que a morte – que as chamou à vida. 

Todo o discípulo missionário é desafiado a uma esperança, para além do que se pode esperar. Não nos esqueçamos de que a esperança cristã brota da árvore da cruz. Quando tudo parece acabado; quando nada mais há a esperar; é, então, que surge em todo o seu esplendor o inesperado de Deus. Como tal, não nos deixemos vencer pelo desânimo e cansaço e tornemo-nos semeadores da esperança que não ilude, porque o amor de Deus foi derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo. 

Ao convocar o atual Jubileu, após uma pandemia, o Papa Francisco viu que a humanidade tem sede desta esperança menina, que faz avançar a fé e a caridade. Mas como semear a esperança no meio de tantos espinhos? Diria que podemos começar com gestos pequenos e humildes. Oferecer um sorriso a quem se encontra triste. Escutar com atenção quem está aflito e necessita de desabafar. Visitar um amigo esquecido, uma pessoa doente ou na prisão. Ou simplesmente contemplar a beleza da criação e cuidar deste jardim que o Criador nos confiou. 

A criatividade do Amor não tem limites! Paremos e escutemos o Espírito que nos foi dado e, em nós, sussurra: “Abbá!”; certamente encontraremos formas de semear a esperança e cuidar das suas pequenas flores. Por mais insignificantes que possam parecer esses gestos, não deixemos de os fazer. E nunca nos esqueçamos que não caminhamos sós. Ele caminha connosco, todos os dias até ao fim do mundo. Por isso, Peregrinos de Esperança, cantemos: “no caminho eu confio em Ti”. 

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